Coleção João Luiz Chevrand

A Coleção João Luiz Chevrand foi doada ao LUPA em março de 2023, pela produtora e cineasta Michelle Chevrand, consistindo em 15 rolos de filmes Super 8mm, realizados por seu pai, nos anos 1970. A coleção é de especial significação para o LUPA por vários filmes terem sido filmados em Niterói, onde João Luiz nasceu e viveu.

Biografia de João Luiz Chevrand

João Luiz Chevrand Gomes da Silva, conhecido como “Joca”, nasceu em 25 de maio de 1941, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Filho do médico João Gomes da Silva e de Yvonne Chevrand Gomes da Silva, tem cinco irmãos: Antônio, César, Ivone, Pedro e Virginia. Pertence à quarta geração de descendentes de imigrantes suíços, os irmãos Louis Antoine Chevrand e Georges Chevrand, que viajaram na embarcação Daphné e chegaram à Nova Friburgo no dia 19 de novembro de 1819. Seu avô, João Gomes da Silva, era português, e casou-se com Virginia Gomes de Andrade, brasileira.

Joca cresceu na cidade de Niterói, e se formou em engenharia civil e mecânica pela Universidade Federal Fluminense, se tornando chefe da divisão de Projetos da antiga SANERJ, que após fusão se tornou a empresa CEDAE, realizando obras de saneamento pela cidade de Niterói, especialmente na Região Oceânica, para onde a cidade se expandia.

Joca era apaixonado por esportes aquáticos como o ski e o parasailing, modalidade esportiva que introduziu no país após uma viagem ao Caribe. Ele também gostava de motocicletas e automóveis, e vivia em oficinas mecânicas, realizando reformas e consertos. Seus amigos dizem que o tipo galã e a predileção por motos o assemelhavam ao ator Peter Fonda, protagonista do filme “Easy Rider”. Joca realizou muitas viagens, tendo rodado pela Europa, na maioria das vezes acompanhado do melhor amigo Murilo Borges. Nas viagens, comprava equipamentos esportivos e também fotográficos, sua outra paixão, montando uma pequena coleção de câmeras e acessórios.

Dentre os objetos trazidos do exterior, veio a câmera Canon 8mm, que registrou, no final dos anos 70, uma viagem à Paris com Murilo, cenas da cidade de Niterói, do carnaval de 1978 a um passeio de lancha até a praia de Itacoatiara, ainda sem casas; cenas do Rio de janeiro, como uma regata de laser e um sobrevoo de avião pela Baía de Guanabara; e o início do namoro Valéria Chevrand, seu grande amor, imortalizado na cena de um beijo na praia do Forte, em Cabo Frio, ao pôr do sol.

Posteriormente, Joca substituiu a filmadora 8mm por uma VHS, que possuía dois decks, um para gravação e outro para reprodução, com a qual registrou os primeiros anos de vida das filhas gêmeas, Danielle e Michelle, os primeiros passos, as primeiras palavras, a abertura dos presentes no natal. O registro da vida das meninas foi interrompido quando Joca descobriu um câncer, que acabou lhe tirando a vida. As filhas escolheram a profissão de jornalistas, e uma delas, a Michelle, seguiu no audiovisual, inspirada pela paixão do pai.

Os rolinhos de 8mm ficaram ‘esquecidos’ até 2007, quando Michelle os encontrou, numa caixa no canto de um quartinho na casa da mãe. Na época, ela trabalhava com o cineasta Roberto Santucci, que lhe doou um projetor, exibindo em casa, pela primeira vez, os filmes para a mãe e para a irmã.

(Texto escrito por Michelle Chevrand, em 2023)

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