Luiz Guilherme Leal (1947-2009) nasceu no Rio de Janeiro em 1947, embora outros documentos apontem o ano de 1945, confusão documental que sua família suspeita ser fruto de uma alteração para obtenção da carteira de habilitação mais cedo. Filho de imigrantes italianos de classe média, é neto do dramaturgo e diretor teatral Cesar Fabbri. Frequentou colégios particulares na Zona Sul do Rio, depois mudando para escolas públicas na época da adolescência, na Gávea e em Copacabana, acompanhando a trajetória econômica de sua família. Conta à família que estudou administração de empresas na PUC Rio, mas esta informação jamais foi subsidiada por documentos, até mesmo posteriormente à sua morte.
Homem inteligente e autodidata, Luiz Guilherme começou a trabalhar cedo. Um dos cargos de destaque que teve foi o de divulgador internacional da empresa de discos Philips Discos, graças à sua disposição ao aprendizado de línguas estrangeiras, como inglês e espanhol. Trabalhou a maior parte da vida, no entanto, com comércio internacional, primeiro no setor de helicópteros, depois se mudando para uma empresa suíça de trading de commodities, e finalmente se juntando em sociedade com um inglês no ramo de comércio de metais não ferrosos. Conhece sua esposa com cerca de 34 anos, e juntos têm três filhos. Graças às viagens no ramo do comércio internacional, adquire uma câmera Super 8 nos Estados Unidos.
Não sendo um cinéfilo propriamente dito, seu interesse pelo cinema se concentrava justamente nessa possibilidade de registros domésticos, mais tarde tendo migrado para os equipamentos audiovisuais eletrônicos, como o VHS. Diversos destes itens podiam ser encontrados na casa de sua família, na qual Luiz Guilherme atuava como uma espécie de pioneiro em posse de filmadoras, microfones, câmeras fotográficas e demais. Esporadicamente, realizava sessões destes registros caseiros em sua casa. Seu filho Rafael, que fez graduação e doutorado em Cinema na UFF, e que doou os filmes ao LUPA, relembra que ainda assim seu pai sempre o apoiou e incentivou seu interesse pelo cinema, inclusive na tomada de decisão sobre trocar a faculdade de Direito pelo curso de Cinema e Audiovisual, e que sempre o presenteava com livros importados sobre teoria da cinema que adquiria em suas viagens de trabalho.
Entre os anos 80 e 90, a família desfrutava de uma estabilidade financeira razoável. Logo após se mudarem para Poços de Caldas, MG, no começo dos anos 90, o contexto econômico da família se transforma, o que consequentemente implica na interrupção do seu hobby como realizador amador.
Os filmes Super 8mm incorporados ao acervo do LUPA, até onde a família sabe, foram os únicos realizados por Luiz Guilherme em película. O reencontro com os rolos se deu na mudança de Poços de Caldas de volta para o Rio de Janeiro, quando precisou reduzir o contingente de coisas a serem levadas de volta para um apartamento menor do que a casa em que residiam.
Pesquisa de Davi Braga.
